terça-feira, 5 de julho de 2011

(L)


Seus olhos verdes me contemplavam de longe, tão intenso que mesmo a longa distância podia ver o brilho e a cor de sua íris, lindo, alto, esguio, seus lábios se contorciam em um sorriso, Cretino! Como pode ser tão lindo? Amor uma ova. Fui tão tolo, tão estúpido, tão apaixonado, mesmo depois de tudo que fez não sinto a menor vontade de me afastar, seu sorriso age como imã em mim, me suga, eu derrapo em meu orgulho, escorrego em cima de minhas amarras, vou adiante com o coração humilhado, ela gargalha com o tom subliminar de “eu sabia!” Vergonha e desejo são o que sinto, mesmo lendo seu olhar indiferente, eu sigo ao seu encontro, como se seguisse ao encontro de uma droga ilícita convidativa em cima da mesa de um bar, sei que não devo, que é perigosa, que me faz mal, mas a sensação de prová-la, o delírio, o prazer de senti-la a me entorpecer é provocante demais, esta além de minhas forças evitar. Aproximo-me e ela estende sua mão, um fio de lucidez passa por mim, tão fraco e translúcido que não dura mais que alguns milésimos de segundos, Ela me aperta, me agarra, me puxa, como se meu corpo fosse a única chance de sobrevivência, tão canalha, convincente e sedutor.
              Como resistir a esse impulso primitivo? A essa paixão que para mim parece tão real? Ela me encara, eu amoleço, tão lindo! Sua voz exigente sussurrada em meu ouvido é o ponto final, estou condenada, perdida por aquela mulher. “No meu apartamento ou no seu?” Daí em diante não sinto meus passos, de um impulso sou levado a um caminho que não tem mais volta, assaltado por uma dúvida infinita em uma paixão perigosa.


A paixão jamais combina com lógica ou com racionalidade.
 A paixão é uma prisão paradisíaca."
(Autor Desconhecido)

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