domingo, 8 de maio de 2011

Amor e Desamor = |

Duas coisas me causam medo, quase pânico: amor e desamor…
O amor é uma tormenta inesperada que chega quando menos se espera e vai arrebentando com todas as barreiras que encontra pela frente…
As ondas atrevidas e irreverentes deste poderoso ‘tsunami’ vão invadindo os vazios, derrubando as resistências, ocupando todos os incautos espaços que se abrem em cada coração ou em cada consciência. Perde-se o nexo causal das coisas. Misturam-se alhos com bugalhos. O abduzido é incapaz de raciocinar, ser coerente. Mesmo sendo feliz, fatalmente sofre…
O amor desconhece definições de tempo e de espaço. Faz esquecer o passado, fixa-se no presente, apaga os números que marcam as horas, impedindo que se tenha noção do futuro…
Chega anulando todos os egos, amesquinhando o amor-próprio, aviltando o orgulho, tomando posse dos pensamentos, transformando o apaixonado em reles marionete, em coitado mesmo, mero andróide desprovido de personalidade…
Com o passar dos dias, se assenta. Se amaina. Se aquieta. Fica latente, germinando um sentimento que tanto pode ser eterno quanto acabar em um segundo. Pode nos dar muito prazer ou fazer-nos mergulhar na infelicidade, na dor. Um verdadeiro banco de areia movediça…
O desamor é outra armadilha…  
Não é tão contundente quanto o amor alucinado ou quanto a paixão desenfreada. No entanto, machuca tanto quanto. Depende do tempo em que ficou incubado, germinando, cultivando seus desejos, que serão transformados, quando não correspondidos, em ódios e malquerenças. Quando se tem sorte, se é feliz, o desamor nem chega a se manifestar…
No entanto, infelizmente, quando resolve dar o ar de sua graça, é traiçoeiro, sutil, insidioso, malicioso, desonesto e destrutivo…
Bandido, pega-nos desprevenidos. Quase sempre à traição. Pelas costas. Como o serpentear de um maremoto voltando pelas areias das praias como o refluxo das marés. Não tem o mesmo poder sedutor de quando se manifestou, mas quando um amor acaba com promessas de revanches, o desamor, esta força que o substitui, que se cria no interior do abandonado, apesar de retornar aparentemente calmo para sua origem, deixa seqüelas muito piores do que aquelas provocadas por uma paixão nascente, radiante e grandiosa, que inicialmente nos transformou em fantoches mas que acabou chegando ao fim por um comum acordo dos amantes…
Na volta para o redemoinho que o criou, à sua passagem, o desamor vai deixando para trás o abandono, a decepção, o ódio, a inveja, o desejo de vingança…
Enfim, o amor nos machuca pelo arrebatamento. O desamor, só nos machuca.

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